terça-feira, 29 de agosto de 2017



Cinema II

Quando saí de Manaus, em 1948, a cidade tinha seis cinemas: o Politeama (1904), o Guarani (1907), o Odeon (1913), o Avenida (1936) o Popular (1926) e o Éden. Creio que não existia mais o cine Manaus, dos salesianos, onde me iniciei.
O Avenida e o Odeon ficavam na Avenida Eduardo Ribeiro, o Politeama e o Guarani, nas esquinas da Avenida Getulio Vargas com Sete de Setembro. O Popular e o Éden ficavam na periferia. Todos desaparecidos na década de setenta.
Quando comecei a ir ao cinema na década de trinta no cine Manaus os filmes eram mudos. Algum tempo depois nas matinés do Politeama e do Guarani já eram falados. O Guarani teve um final retumbante. Mereceu até um livro “Hoje tem Guarany”, de Celda Vale da Costa e Narciso Julio Freire Lobo, de onde tirei parte dessas informações e confirmei minhas lembranças.
Os cinemas tinham duas sessões, uma as dezesseis horas e outra as vinte. Para crianças, havia sessões aos domingos: as nove e catorze horas.  Nessas sessões os filmes eram geralmente comédias ou de aventuras. Todo fim de ano passava a Paixão de Cristo. Os filmes de aventura eram cowboys e seriados, tipo Fu-Manchu. Não me lembro dos preços das entradas.  Os cinemas ficavam superlotados. A algazarra era infernal. Principalmente nas cenas de perseguições.
Lá pelos doze anos de idade não me ligava mais a esse tipo de filmes e frequentava as sessões das quatro horas da tarde, dos adultos. As sessões dos adultos começavam com um cine-jornal, trailers ou um documentário. Só depois é que vinha o filme principal. Era a época do star-system. Ninguém ia ver um filme do diretor ou produtor tal. Víamos um filme de Norma Sheare, de Bette Davis, de Joan Crawford ou de Tyrone Powell, Clark Gable ou  Frederich March. Ou então da Metro, da Universal da Fox, da Paramount ou Pathé.
Na crônica anterior, disse que o cinema tinha desenvolvido em mim uma verdadeira dependência. Sim. Mas não de cinéfilo de carteirinha. Daqueles que têm o filme absoluto, que o vêm cinquenta vezes por ano. Sabem de cor o elenco, cantam a música, vibram com as cenas de efeito. Oh! Não, não sou. Pois foram tantos os grandes filmes que vi, tantos os grandes diretores... como excluí-los para escolher apenas um? Me considero um cinemeiro. Isto é, aqueles que vão permanentemente ao cinema e se deliciam com filme e, pronto. Anos depois lembram que o filme é bom, recordam-se vagamente do tema, do diretor ou  dos atores. Principalmente se forem os da sua preferência. "Gilda", por exemplo.   

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