Do meu “Baú de letras”
Um dia desses me perguntaram quem eu era. E eu não soube dizer quem sou.
Sei que sou, mas não sei dizer quem sou. Sou.
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Pegando, casualmente, na minha estante, o “Perto do Coração Selvagem”, de
Clarice Lispector, lá está na página número 21:
“É curioso como não sei dizer quem sou”. Eco?
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Enquanto envelhecemos nossos amigos mortos permanecem com a mesma idade
em nossas lembranças. Só os vivos envelhecem.
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Um livro tem tantos autores quantos forem os seus leitores. Ninguém lê o
livro que o autor escreveu.
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Quantos seriamos se todos os nossos amigos resolvessem escrever nossa
biografia
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O treinador agarrou o atleta
pela cintura, deu o impulso e ele ergueu os braços, agarrou as argolas e
crucificou-se no ar.
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Aprendi que, Bashô, o nome do fixador da
moderna forma do haikai, significa: “bananeira”. A bananeira é uma
árvore estranha. Só dá um cacho de cada vez. Cortada. Renasce do próprio
tronco. É assim o haikai, nascido do tronco de um tanka?
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É difícil traduzir em palavras o significado de um olhar.
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Quando me sinto solitário pego um
livro e povoo a minha solidão.
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Tudo que havia de bom em
ti, recolhi como acervo em mim.
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Aos noventa e tantos, quem é antigo para mim?
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Se os meninos de quatro ou cinco anos já se comunicam
virtualmente e eu ainda estou aprendendo, quem é mais novo? Eles ou eu? Se eles
já são senhors eu ainda sou junior?
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Eu gostaria muito de entrar pela porta estreita, mas, quem
tem a chave?
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