Cogumelo atômico
06/08/2014 – Dizem os historiadores, que na data de hoje , em mil novecentos e quarenta e cinco, o dia amanheceu quente e úmido em Hiroshima. Que estava tudo normal apesar da guerra. Mas que subitamente as sete horas e sete minutos soaram os alarmes anunciando a iminência de um bombardeio aéreo. Alguns minutos depois surgiram nos céus da cidade quatro B-29, mas não houve nada. Os habitantes pensaram em provocação. E a vida retornou em seu ritmo de sempre.
Hiroshima
desapareceu sobre um enorme clarão enquanto no ar formou-se um estranho
cogumelo, mais tarde chamado de “cogumelo atômico”. A bomba foi assim descrita:
Little Boy tinha três metros de comprimento; setenta e três centímetros de
diâmetro; quarenta e cinco toneladas de peso; a energia de quinze toneladas de
TNT; raios quentes entre 2980ºC e 3882ºC no ponto zero, provocando incêndios
que se espalharam por vários quilômetros. Resultado: setenta e cinco mil mortos
e mais de cem mil feridos. O que teria sentido Enola Gay, a mãe do
tenente-coronel Tibbets, quando soube de tudo isso!? Até hoje, as sequelas ainda são visíveis. Com
esse abominável parto, os americanos inauguraram a era atômica.
Muita
gente tentou explicar, justificar, condenar ou representar – a bomba. Na
literatura, nas artes plásticas, na poesia, na música, no cinema. Vendo agora
na televisão as notícias sobre este doloroso aniversário, me lembrei
particularmente de duas manifestações artísticas desse fato histórico: o filme
“Hiroshima meu amor”, de Alain Resnais, que levantou tanta celeuma e o poema de
Carlos Drumond de Andrade, “A Bomba”, no seu livro “Lição de Coisas”, de mil
novecentos e sessenta e dois:
“A
Bomba
Tem
50 megatons de algidez por 85 de ignominia:
.......................................................................... A bomba
Não
destruirá a vida
O
homem(tenho esperança) liquidará a bomba...”
Não
liquidou. Disseminou-se. E a energia
nuclear é uma ameaça permanente. Eu acho que foi a maior ferida da humanidade,
do século XX. Sua cicatriz atravessará os séculos. A televisão pode ter os seus
pecados, mas, ela, com o poder da imagem não vai nos fazer esquecer: Almogardo,
Biquíni, Hiroshima, Nagasaki – nunca mais! Nunca mais!
A bomba, a terrível bomba que ceifou muitas vidas foi apresentada ao então Presidente como uma alternativa: com ela, o Japão (já baqueado) se renderia de pronto, assustado com o poder destruidor do gracioso artefato, o delicado Little Boy. Sem ela, escrúpulos humanistas a flor da clara pele yankee, os amarelos ainda resistiriam por um ano (ou mais - tão fanáticos eram). Esta segunda hipótese ceifaria N milhares de vidas americanas, japonesas, da Oceania em geral. Pero la bomba abreviaria a duração da guerra (não seria necessário jogar mais de duas bombinhas, aqui e ali, nas ilhotas do império do Sol Nascente) e SÓ morreriam uns poucos milhares. Contas feitas, lance-se o galante Little Boy.
ResponderExcluirE depois? Sucesso absoluto. MacArthur fez Hiroito curvar-se e Tojo não teve tempo para o Hara-Kiri.
Pero: e a radiação? ein? Que negócio é esse? As experiências em Los Alamos começou a matar. Os filhos hediondos do simpático Little Boy. A
Ah, garotinho safado!!!!!
HB
Correções: Presidente Trumann e (último parágrafo)As experiências ...começaram a matar.
ResponderExcluirA bomba parece esquecida diante de tantos Holocautos sociais do mundo novo, só me lembro disso, por reportagens ou por ler esse texto,meu preclaro. Será que teremos tempo de nos abribarmos de tantos males(bombas) que poderam chegar hoje ou amanhã sem que a velocidade da internet possa me avisar? ou será melhor o otimismo de acreditar que nenhum governo ou homem esconderá sua armas se temos a "internet nossa de cada dia" sendo aliada dessa luta das notícias para chegar primeiro que a tragédia - será possível? Espero que sim....
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