quarta-feira, 1 de maio de 2019



Notas de um caderno de viagem II
De 16 a 19/03/1979 – Viagem com Edna e Wilson a Juazeiro e Crato. De trem. Edna foi pagar uma promessa, de seu pai, já falecido. E que ela prometera pagar. A viagem dura a noite inteira. Nas paradas havia sempre vendedores de guloseimas, mas o que mais me chamou atenção foi o chá de canela, com seu sabor perfumado, dominando a madrugada, adensada por um nevoeiro quase frio. 
Juazeiro é uma cidade de romeiros, onde reverenciam Padre Cícero. Tudo na cidade faz lembrar-lhe: ruas, praças, becos e o grande número de pessoas que levam seu nome. Sua figura é reproduzida em barro, gesso, pedra e madeira. Batina preta, barba branca e o cajado na mão direita. Estampada em postais e santinhos. Sua história é contada e cantada em cordéis e violeiros. 
Visitamos o Cruzeiro no meio da praça; a igreja com seu túmulo; a casa dos milagres; o museu na casa onde morreu; o Horto. Subimos de táxi, mas fiz questão de descer a pé, para ver as capelas, erguidas na subida do morro, encimado por uma enorme estatua do Padre. Fotos. Ah, a postura e os instantes inusitados de seus adoradores. Alguns, algumas parecem talhados em madeira, com suas vestes monacais, marrons. A cidade de dia e de noite gira em torno dessa estranha devoção. Sons, rezas, cânticos, pregações... em todos os sotaques desses vários nordestes.










Crato é cidade mais antiga. E de vida aparentemente mais calma. Fachadas  neo-clássica. Fomos também visitar um balneário no alto de uma serra, Granjeiro (?). Aliás, a Chapada do Araripe oferece uma visão impressionante ao longo de uma planície verde/cana. Cana. A cana e seus produtos criam uma atmosfera particular, principalmente olfativa: o açúcar, o mel, a rapadura, o alfenim... doce.

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