sábado, 15 de agosto de 2015


Caraças

          Há dias vi uma reportagem na televisão sobre a visita que um lobo guará faz toda noite (quando está com fome, é claro) ao pátio do Santuário do Caraça, em Minas Gerais, para saborear os quilinhos de carne, que os padres generosamente lhes oferecem. E, então, me lembrei da visita que fiz a esse Santuário em 2002, numa excursão com alguns amigos.


O nome oficial é Santuário de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Fica situado num trecho da Serra do Espinhaço, cuja altura varia entre 720 e 2070 metros acima do nível do mar., pertence ao município de Catas Altas, Minas Gerais. Hoje, o Caraça é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, por força do decreto 98.914, de 31/01/1990. O apelido de Caraça é devido a forma da montanha que lembra a cabeça de um gigante, deitado.


A história do Caraça é um pouco misteriosa e vem do século XVIII, portanto do Brasil Colônia. Conta-se que ele foi visitado por D. Pedro I e a imperatriz D. Amélia e D. Pedro II e imperatriz D. Teresa Cristina. Seu colégio teve pelo menos dois presidentes da república como alunos: Afonso Pena e Artur Bernardes. Dizem que o pintor holandês. Rugendas andou por lá, registrando-o em uma de suas telas. Me disseram, também, que a Missa dos Quilombos, de Milton Nascimento, foi gravada nas dependências da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens.


A igreja em estilo neogótico tem belos vitrais franceses (um padre nos mostrou enormes livros encadernados escritos a mão em francês), um órgão em pleno funcionamento e o original de luma Ceia pintado por Manuel da Costa Ataíde. Em 1968, um grande incêndio destruiu a biblioteca, mas já foi completamente restaurada. A biblioteca conta com um museu da vida colegial e um acervo livresco dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.


Na noite que decidi esperar o lobo, me frustrei. Fazia muito frio, ele demorou muito e eu fui dormir. Soube da visita de manhã. Não tiveram coragem de fotografar? Acreditei. Noblesse oblige. Uma das coisas mais gostosas da hospedaria é a cozinha. Fogão de lenha, onde os hóspedes preparam, eles mesmos, o seu café. Os quartos são muito simples, poderíamos até chama-los de cela: uma cama, uma pequena mesa e uma janela que se abre para uma niemariana curva de montanhas, ainda cobertas de Mata Atlântida. A escadaria da frente, o pátio e o jardim são no estilo francês. Não fizemos as trilhas, preferimos visitar as cidadezinhas vizinhas: Santa Bárbara e Catas Altas, nas quais existem obras de Aleijadinho. 

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