quarta-feira, 3 de outubro de 2018


Há quarenta anos esta noite - VII 

Creio que a mais popular invenção do século XX  – foi o cinema. Foi por meio dele que recebemos ou popularizamos o famoso “american way of  life”, isto é, boas e más influências, por exemplo:
moda: tênis, calça jeans, camisas de malha...;
alimentação: coca cola, hamburger, saladas...;
habitação: edifício, apartamento, elevador...;
transporte: carro (automóvel), motos...;
música: fox, swing, baladas, jazz...;
 idioma inglês: é só dar uma volta pelas ruas de nossas capitais e ler o nome de seus estabelecimentos... e a moeda? Ah! o dólar.
Eu recebi. "Gosto que me enrosco" de sanduíches, de calças jeans (ou assemelhadas), de camisa de malha, de tênis, da música americana e do cinema, então? Pena que a idade não me permita mais acompanhar os lançamentos como o fazia, antes. E não tenha estudado bem o inglês para ler seus autores no original. Grande literatura. E que bela língua! E em vez de ler, ver os filmes. Quanto dos filmes perdemos enquanto lemos as legendas.
Quando mudei para Fortaleza, a cidade era bem servida de cinemas. E boas salas. No Centro, havia o São Luis, o Diogo, o Fortaleza, o Cine-Art e os poeiras: Jangada e Old Metrópole;  no Center Um, primeiro shopping da cidade, havia o Gazeta, onde sexta-feira a noite e sábado de manhã passavam filmes de arte. Havia ainda as salas alternativas: Casa Amarela e Casa de Cultura Alemã. Frequentei-os com assiduidade.
Hoje, os cinemas mudaram de espaço, estão todos nos shoppings que se multiplicam pela cidade. No Centro resta apenas o São Luis, restaurado com os esplendores que merece. Primeiro, como um marco histórico e exemplar típico de uma época; segundo, como única sala de eventos, no centro; terceiro, deveria ser o ponto de partida para a tão discutida recuperação do centro da cidade.  
Sou frequentador de shoppings, mas vou pouco ao cinema. Porque? Pela falta das sessões contínuas. Não posso entrar no cinema com o filme começado e terminar de vê-lo na sessão seguinte. Fazer várias coisas e ver o filme no tempo que eu determinar.  Ver um filme, agora, é um programa e não uma rotina cultural, como antes.
Quem mais deve  estranhar a nova moda, são aqueles que depois do trabalho, entravam no cinema para esperar que a hora do aperto passasse para pegar um bom lugar no ônibus; ou dos namorados, que iam ao cinema por duas serventias: namorar e passar o tempo para ir para casa. No verão, então, era uma delícia: o ar refrigerado, o escurinho da sala e o aconchego dos corpos. Ah! tempos.

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