quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Uma esquina de São Luís - MA


REDE


A rede foi o primeiro móvel brasileiro registrado pela história: a Carta de Pedro Álvares Caminha, do dia primeiro de maio de 1500. Certidão de nascimento do Brasil. Pero Vaz assim a notificou a D. Manuel:” e de esteio a esteio uma rede com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E debaixo, para se aquentarem, faziam seus fogos.” Aconchego e calor, digo eu.

Foi naturalmente a primeira cama dos invasores, conquistadores, colonizadores, cafusos, negros, mulatos, sararás. Nelas foram gerados nossos primeiros ancestrais. Nelas amaram, gemeram, pariram, morreram e foram enterrados os primeiros brasileiros. Como até hoje nos cafundós do sertão ou nas profundezas das matas amazônicas. Herança indígena.

Atravessou a história, entrou no folclore, na sociologia, na antropologia, no romance, no cinema, na música e como não poderia deixar de ser na poesia. Pois é assim que ouço Jorge de Lima:

“........................Fulô!
vem coçar minha coceira,
vem me catar cafuné,
vem balançar minha rede,”

Seu nome prestou-se a outras atividades: rede de pescar, rede telefônica, rede de espionagem, rede elétrica, tecido fino de malha com que as mulheres protegem os seus cabelos e agora a maior rede de comunicação do mundo: internet.


Mas é como diz poeticamente um dos meus dicionários “leito balouçante, preso por duas extremidades, geralmente dois portais ou duas árvores”, que ela me seduz. Os desenhos, as cores, as varandas, a envolvência sensual com que recebe os corpos, que nelas se deitam e que me faz logo pensar no dito popular: abaixo do Equador tudo é permitido. Na rede, é claro.

Um comentário:

  1. Vc foi sucinto e teve uma inspiração poética para falar do mais antigo objeto de desejo do nordestino, ou quis sas, de muitos que se deliciando com uma boa soneca.
    Não é verdade amigo.
    Kkkk

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