sábado, 11 de abril de 2015

                   

                











               Uma ponte, um rio e outras calhas
                                       
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                     A ponte sobre o rio

A ponte chama-se Rio Negro e cruza ou abraça o Rio Negro, entre as cidades de Manaus e Iranduba. Tem 3.595m de comprimento e 162 de altura; 20,70m de largura no trecho convencional e 22,60m na parte estaiada. Quatro faixas de tráfego, duas em cada sentido. Faixas para pedestres nos dois lados. Tempo de construção: três anos.  Custo: 1.099 bilhão e 99 milhões de reais. “Devido a acidez das águas do rio Negro, adicionou-se pozalona (material silicioso anticorrosivo) ao concreto empregado nas estacas do tabuleiro”. Foi inaugurada no dia 24/10/2011. Dia em que a cidade completava 342 anos de idade.                              

Fui a Manaus, dessa vez, com um único propósito: conhecer a ponte. Sou fascinado por rios e pontes. Não poderia, então, deixar de conhecer a ponte sobre o rio que passa pela minha aldeia. Um amigo, ligado a religiões afro-brasileiras me disse, certa vez, que eu era protegido dor dois orixás: Omulu, das doenças e Oxum, a deusa dos rios e cachoeiras. Acreditei. A casa em, que nasci em Manaus, dava os fundos para o igarapé de Educandos. No tempo de cheia o rio o invadia  e o quintal transformava-se em piscina natural.

Acresce o fato de que, com poucos dias de nascido, minha avó, que tinha ido da fazenda para a cidade, a fim de assistir ao parto de minha mãe, me levou para sua companhia, em São José do Amatari, no rio Amazonas, viajando na lancha Cauré. Fiz assim a minha primeira viagem com poucos dias de nascido. Infelizmente não conheci a casa onde nasci, pois quando voltei a morar em Manaus a família não mais a habitava.

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                                O Rio Negro

A Orellana cabe, também, o feito de ter descoberto o Rio Negro. Foi no dia 3 de junho de 1542 que ele chegou a sua foz.  No encontro de suas águas com as águas do rio Solimões. A diferença de cor, o Solimões de águas barrentas e o Negro, óbvio, de águas negras, levou-o batiza-lo de - Rio Negro.

O rio Negro nasce na Colômbia com o nome de Guainia. É o maior afluente do Amazonas. Mede 1700 km e é considerado o maior rio de águas negras do mundo. É também o de maior volume de água, atrás apenas do Amazonas. Entra no Brasil nas fronteiras da Colômbia com a Venezuela.

As suas águas são escuras devido a decomposição de sedimentos orgânicos. Ao longo de seu curso vai recebendo restos de folhas, frutos, arbustos, troncos de árvores que vão se decompondo, tornando ácidas as suas águas e tomando essa coloração. A acidez o torna pouco piscoso e afugenta os insetos.

O encontro das águias dá-se a uns 18 km do porto de Manaus. As águas não se misturam devido a diferença de temperatura, o Negro 22ºC e o Solimões a 28ºC; e de velocidade, o Solimões de 4 a 6 km/h e o Negro de 2 km/h apenas. Depois da confluência dos dois rios a grande calha passa a chamar-se, Amazonas. O Encontro das Águas é, hoje, um dos principais pontos turísticos do Estado. Para mim, um passeio imperdível.
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                             E por falar em rios...          

Um das lembranças mais bonitas e antigas que tenho de um rio é do Paraíba do Sul, correndo paralelo a linha do trem, entre certos trechos de Rio e São Paulo. Ele, brilhante e saltitante sobre pedras negras, eu, debruçado a janela do trem, encantado. Tão diferente dos rios a que estava acostumado: Amazonas ou Negro. Depois, quantas vezes? atravessei, de ônibus, a ponte que liga o velho Chico, entre Juazeiro e Petrolina, ora cheio ora nem tanto, mas sempre rico de histórias e beleza. Oi, Capibaribe, Beberibe, tantas vezes cantado ou proseado por Manuel ou João de Melo, hasteando-lhes Bandeira.

Sem esnobismo, alguns estrangeiros, sim. Por exemplo, o Tigre ou Tavere, atravessando Roma, onde ao ver uma multidão próxima a uma de suas pontes, me aproximei para saber de que se tratava e fui informado: suicídio. Como? Nessas águas tão rasas? Ou o Tejo, que em Toledo soube, ali, chamar-se, Tajo. Ah! Um jantar no Bateaux London, sobre o Tâmisa, terminado numa madrugada gelada e com vontade de gritar: meu trono por um taxi. Taxi! Taxi! E das três vezes que passei por Paris, para mim indispensável, o Bateaux Mouche, principalmente ao cair da tarde. Ao passar pela Ilha de São Luís a visão da casa de Chopin e a lembrança de uma de suas moradoras: Michelle Morgan, a inesquecível interprete de Sinfonia Pastoral, filme de Jean Delannoy, de 1946, baseado na obra homônima de André Gide. Desculpa, Paulinho, mas foram tantos os rios que passaram em minha vida...
                    
           (Manaus - de 17 a 20/01/15)








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