Há quarenta anos esta noite - VI
Gosto muito de ler. Era então natural que uma das primeiras coisas que
procurasse na cidade fosse, livrarias. Qual não foi a minha decepção ao ver que
só existiam duas: a “Livro Técnico”, na Praça do Ferreira e a “Renascença”, na
Rua Major Facundo. Ambas no centro da cidade. Hoje, desaparecidas. Havia muitas
livrarias de livros escolares. Mas livrarias para leitores de literatura mesmo,
só essas duas.
Comecei, então a frequenta-las. Aí, vi que os estoques pouco se
renovavam. Como comprava semanalmente o Jornal do Brasil e o Correio da Manhã,
do Rio; e a Folha, de São Paulo, nas Bancas de Jornais da Praça do Ferreira e
lendo os seus suplementos literários de sábados e domingos, estava sempre
atualizado no que se publicava. Mas demoravam a chegar aqui ou vinham apenas
dois ou três exemplares. Alguns já reservados aos figurões locais. Apelava,
então para os meus amigos no Rio ou São Paulo.
Algum tempo depois, inaugurou-se a Moderna, na Aldeota, próxima ao
Center Um. O gerente, Ari, era o mesmo que me atendia na Livro Técnico, da
Praça do Ferreira. Estava protegido. Ia lá semanalmente. Fechou. A Nobel, na
Dom Luís, também não demorou muito. Com a inauguração do Iguatemi foi
inaugurada também a Siciliano, que perdura até hoje. Agora comprada (?) pela
Saraiva. A única coisa que mudou foi o maior acervo de livros de direito da
Saraiva. No mais, continua a preferência da Siciliano por best-sellers e
auto-estima.
Hoje, a cidade está muito bem suprida de livrarias. Existem vários
shoppings e cada um deles tem uma livraria, como: a Saraiva no Iguatemi e North
Shopping, a Leitura no Del Paseo e no Rio Mar. Fora dos shoppings, existem a
Nobel e a melhor de todas: a Cultura. Cito essas porque são as que mais
frequento. Mas deve haver outras, pois me parece que o cearense está lendo
muito mais agora do que quando cheguei aqui. Um dos grandes chamariz é o
lançamento de livros de blogueiros e de padres católicos, nos shoppings.
Superlotam. Antes pouco do que nada.
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