Há quarenta anos esta noite - VII
Creio que a mais popular invenção do século XX – foi o cinema. Foi por meio dele que
recebemos ou popularizamos o famoso “american way of life”, isto é, boas e más influências, por
exemplo:
moda: tênis, calça jeans, camisas de malha...;
alimentação: coca cola, hamburger, saladas...;
habitação: edifício, apartamento, elevador...;
transporte: carro (automóvel), motos...;
música: fox, swing, baladas, jazz...;
idioma inglês:
é só dar uma volta pelas ruas de nossas capitais e ler o nome de seus
estabelecimentos... e a moeda? Ah! o dólar.
Eu recebi. "Gosto que me enrosco" de sanduíches, de
calças jeans (ou assemelhadas), de camisa de malha, de tênis, da música
americana e do cinema, então? Pena que a idade não me permita mais acompanhar
os lançamentos como o fazia, antes. E não tenha estudado bem o inglês para ler
seus autores no original. Grande literatura. E que bela língua! E em vez de
ler, ver os filmes. Quanto dos filmes perdemos enquanto lemos as legendas.
Quando mudei para Fortaleza, a cidade era bem servida de
cinemas. E boas salas. No Centro, havia o São Luis, o Diogo, o Fortaleza, o
Cine-Art e os poeiras: Jangada e Old Metrópole;
no Center Um, primeiro shopping da cidade, havia o Gazeta, onde
sexta-feira a noite e sábado de manhã passavam filmes de arte. Havia ainda as
salas alternativas: Casa Amarela e Casa de Cultura Alemã. Frequentei-os com
assiduidade.
Hoje, os cinemas mudaram de espaço, estão todos nos shoppings
que se multiplicam pela cidade. No Centro resta apenas o São Luis, restaurado
com os esplendores que merece. Primeiro, como um marco histórico e exemplar
típico de uma época; segundo, como única sala de eventos, no centro; terceiro,
deveria ser o ponto de partida para a tão discutida recuperação do centro da
cidade.
Sou frequentador de shoppings, mas vou pouco ao cinema.
Porque? Pela falta das sessões contínuas. Não posso entrar no cinema com o
filme começado e terminar de vê-lo na sessão seguinte. Fazer várias coisas e
ver o filme no tempo que eu determinar. Ver um filme, agora, é um programa e não uma
rotina cultural, como antes.
Quem mais deve
estranhar a nova moda, são aqueles que depois do trabalho, entravam no
cinema para esperar que a hora do aperto passasse para pegar um bom lugar no
ônibus; ou dos namorados, que iam ao cinema por duas serventias: namorar e
passar o tempo para ir para casa. No verão, então, era uma delícia: o ar
refrigerado, o escurinho da sala e o aconchego dos corpos. Ah! tempos.
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