Há quarenta anos esta noite - IV
Creio que, então, um dos serviços mais
precários da cidade, era o transporte. As linhas de ônibus me pareciam mal
distribuídas. As vezes, tínhamos que andar cinco quarteirões para tomar uma
condução. O serviço noturno era mais precário ainda. Taxi era caro e os ônibus paravam praticamente as
vinte horas, depois só o "corujão" a meia noite. Nesse setor, também
tivemos que nos adaptar. No Rio, os ônibus são identificados normalmente pelo
número, embora tenham nome. Aqui, é sempre pelo nome, embora tenham número,
também. “Vais tomar o Jovita?” “Não, vou de Rodolfo Teófilo.”.
Por isso, tentei me motorizar. A distância
dos mercados, das feiras, dos divertimentos, me levou a comprar um carro. Mas
decididamente não nasci com o espírito de Senna ou Massa. Chegar em casa de
madrugada e ter que estacionar o carro, abrir a porta do carro, sair e fechar;
abrir o portão, abrir e fechar novamente a porta do carro para colocá-lo na
garage; sair outra vez do carro e fechar o portão; trancar o carro e abrir e
fechar a porta de casa. Não. Decididamente, não. Vendi o Fiat... E foi quando,
a meu favor, apareceu o serviço de central de taxis: Rádio Taxi. Basta um
telefonema e lá veem eles com o número de portas que eu desejar e como na
marchinha de carnaval, até: “com ar refrigerado para os dias de calor”. Assim
tenho, até hoje, cerca de quatrocentos carros, com mesmo número de motoristas,
a minha disposição, a tempo e hora.
Também nesse setor Fortaleza progrediu
muito: foi instituído o Bilhete único, a instalação de binários, passarelas,
bicicletas compartilhadas, carro elétrico compartilhado, faixas exclusivos para
ônibus, linha de metrô entre Fortaleza e
Paracuru; de VLT entre Fortaleza e Caucaia... existem várias centrais de taxi:
Rádio Taxi, 99, Uber, Rodotaxi, Capital...o pagamento pode ser feito a dinheiro ou cartão de crédito.
Pode ser chamado na hora ou agendado. Até pedi para ser acordado de madrugada,
por exemplo, para não perder a hora da viagem.
Creio que a mobilidade urbana seja um dos
problemas mais difíceis de serem resolvidos em Fortaleza. Não será alargando
ruas ou avenidas, construindo túneis ou viadutos que ele será resolvido, quando
se sabe que entram na cidade cerca de três mil novos carros por mês e as
"carroças", como diria o Collor, não são retiradas do tráfego. Creio,
porém, que esse não é um problema daqui, mas de todas as grandes cidades. Carro
como status. E dizem que Fortaleza é uma das capitais do país com mais carros
importados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário