Há quarenta anos esta
noite - II
A mudança não foi fácil. Principalmente para minha mãe e
minha irmã. Morávamos na Rua Djalma Ulrich, em Copacabana, onde tínhamos de
tudo: amigos, parentes, serviços, diversão, em cada quarteirão... e de repente
mudar para a Avenida Jovita Feitosa, na Parquelândia, recém asfaltada e com
plantações no meio fio que não sabia se iam vingar sob tanto sol ardente e
ventos fortes. Na avenida, na época, não havia uma casa de comércio. Foi fogo!
Mas com a ajuda dos parentes tudo se arranjou.
Tivemos que nos reeducar em algumas coisas já esquecidas e
nos adaptarmos em outras. A alimentação foi uma delas. Há quarenta anos as
feiras de Fortaleza ofereciam somente o mais trivial, em matéria de hortaliças.
Oriundos do norte, onde não usávamos muito essa forma de alimento, facilmente
nos adaptamos a eles quando mudamos para o Rio de Janeiro. Aqui, voltamos a nos
privar de espinafre, couve-flor, jiló (uma das preferências de minha mãe), chuchu,
abobrinha, beterraba, beringela, batata baroa... Hoje, tem tudo isso e muito
mais.
Eu tive que aprender a fazer compras de casa. Supermercado,
por exemplo. O rancho, que aqui dizem fazer o "mercantil". Ir a
feira, outra aprendizagem. Procurei fazer amizade com os feirantes,
falando-lhes francamente da minha inexperiência e eles foram muito simpáticos.
Me ensinaram a escolher o peixe (o brilho dos olhos, a cor da guelra; a apalpar
as frutas sem machucá-las...). Fiquei mestre e fiz amigos. Hoje, sou um dos
grandes apreciadores das feiras livres e
dos grandes super mercados. Embora só faça esses, atualmente.
Nota - Ainda existem feiras, mas a novidade dos supermercados
as substituíram em quase tudo: Éxtra, Carrefour,
Cometa, Pão de Açúcar, São Luís, G. Barbosa, Assaí...praticamente existe pelo
menos um em cada bairro da cidade.
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