Os arredores da casa
Do curral, vinha o cheiro do estrume, o
mungido dos bois, o relincho dos cavalos e a melancolia dos aboios. O estrume
seco de boi servia para defumar os ambientes, onde havia carapanãs e outros
insetos. Do leite, além de bebê-lo, fazia-se o queijo, o doce, a coalhada. Os
meninos eram levados até o curral, de manhã, para beber leite mungido,
quentinho, branco, espumoso, assim que saído do úbere das vacas. Depois, banho
de rio. E crescer com saúde. Cresci.
Atrás da casa havia uma alameda de grandes
mangueiras, tendo de um lado uma espécie de laranjal, ah! Se Chanel senti-se o
perfume de suas flores, seria o nº 6? Era no tempo em que o buquê de casamento
das noivas, virgens, eram com elas confeccionados. Pois a flor da laranjeira é
o seu símbolo. Do outro lado, pés de goiabeiras vermelhas e brancas e de
acidíssimos araçás.
Muito tempo depois, soube que os lugares
banhados por rios de águas barrentas tem mais insetos que os de águia preta.
Questão de química. Era o caso da fazenda que ficava as margens do Solimões, de
água barrenta. Então, de dia tínhamos que espantar as mutucas e de noite os
carapanãs, essas, com seus infernais zumbido agudo. E onde elas procuravam
tocar sua flauta? Justo no ouvido dos mortais. Dai, perfumar-se as noite com a
queima dos estranhos blocos, arredondados, de estrume bovino. E dormir de
mosquiteiro. Dormimos.
Ótimas essas descrições. Cada vez menos temos a possibilidade de
ResponderExcluirencontrar rios barrentos ou de "água preta". E de sentir odores como o dos currais, laranjais e ... o que mais? Os cheiros da infância.