De guerreiro a
turista
Hoje, dia 7 de dezembro de 2014, pegando, por
acaso, a história do Amazonas, de Aguinaldo Figueiredo, lá na página 140, ele
faz um breve registro da participação do Amazonas, na Segunda Grande Guerra e leio
que nesse dia, embarcavam no porto de Manaus, no navio “Cambrige”, 120 soldados
do 27º Batalhão de Caçadores, rumo a Belém, do Pará, para se integrarem ao
contingente paraense e de lá seguir para o Rio de Janeiro, a fim de fazer parte
da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Pois, um desses cento e
vinte era eu. Tinha esquecido completamente. Também, há a sessenta anos! Ele
transcreve o depoimento do soldado Hilário Pimentel, que reproduzo em parte:
“Depois de 8 dias de
viagem de Belém até o Rio de Janeiro, chegamos nesta cidade no navio “Cuiabá”,
do Loyde Brasileiro, indo se aquartelar na Vila Militar do Realengo, onde fomos
incorporados ao Regimento Sampaio...”.”Ficamos no Rio de Janeiro até o dia 14
de fevereiro de 1945, quando embarcamos de surpresa no navio de transporte
militar “Comte. Mann”... “com destino a Nápoles, Itália, onde chegamos no dia
22 fevereiro de 1945, um dia após a tomada de
Monte Castelo por nossas tropas.”
A minha história como expedicionário termina justamente na
véspera do dia do embarque, no Rio de Janeiro. Era o terceiro e último escalão.
Pois, a guerra terminou no dia 8 de maio, com a assinatura do armistício entre
as potências envolvidas. Não fui porque
na véspera do embarque eu e mais dez soldados amanhecemos com a cara
irreconhecivelmente inchada. Levados ao posto médico, recebemos o diagnóstico:
caxumba. Dalí, fomos direto para o Hospital Militar, ala de incomunicáveis,
pois a doença, na época, era considerada: contagiosa. Não sei se ainda é.
A princípio fiquei
desolado. Meus amigos e companheiros tinham ido, todos. Só eu fiquei, entre
milhares de outros soldados, desconhecidos. Depois de curado fui transferido
para o Forte de Copacabana. Aguardar a baixa e voltar para Manaus. Como não
dava serviço e fiquei sob as ordens de um oficial muito liberal, aproveitei o
tempo para conhecer um pouco e curtir a cidade maravilhosa. E então, haja
cinema, teatro, praias, lugares, até me apaixonar irremediavelmente pela
cidade. A ponto de três anos depois, arrumar os badulaques, tomar um avião da
Cruzeiro do Sul, para lá no sul ir morar. E por lá, fiquei trinta anos, mesmo
sem Lia ou Raquel.
- Ô xente! Agora virou
cabra da peste.
Pois é... como sempre, me atraso na "jogada". E tomara que este comentário chegue ao destino: aos olhos, aos ouvidos, ao coração do cronista. Para a minha desamparada "velhice informática" o blog chegaria a mim, até mesmo sem procurá-lo. Mas de fato é como estante de livraria: há que olhar, buscar, abrir, ler, experimentar. E gozar a beleza!
ResponderExcluirGostei das narrativas, todas, mesmo a já conhecida do guerreiro vencido pela prosaica caxumba. Das maravilhas, a ponte (o "não lugar" espacial - pois se v não é o engenheiro construtor ou o operário equilibrado em andaimes, só pára nas pontes para ver o "que não é ponte": a paisagem, o caminho, o abismo) sobre o rio Negro é talvez a que mais me tocou, além do Pobre Diabo.
A revelação do lado "negro" (o termo é racista? Que besteira. Negro nele porque sem "LUZ")' do Borges, cego mas não insensível, sensível mas sem cordialidade... ou humanidade? Este senhor se julgava um super...?
E o Pessoa que negou-se, por besteiras de crendices, a prosear em pessoa com nossa poeta Cecília.
Agora, "pregunto": Why you didnt notice me about your e-posts? Please, Mr. Mumps' Warrior ? Traduza se for um amazônida1
Abraços, encantado com as crônicas,
Helio Brasil