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A ponte sobre o rio
A ponte chama-se Rio
Negro e cruza ou abraça o Rio Negro, entre as cidades de Manaus e Iranduba. Tem
3.595m de comprimento e 162 de altura; 20,70m de largura no trecho convencional
e 22,60m na parte estaiada. Quatro faixas de tráfego, duas em cada sentido.
Faixas para pedestres nos dois lados. Tempo de construção: três anos. Custo: 1.099 bilhão e 99 milhões de reais.
“Devido a acidez das águas do rio Negro, adicionou-se pozalona (material
silicioso anticorrosivo) ao concreto empregado nas estacas do tabuleiro”. Foi
inaugurada no dia 24/10/2011. Dia em que a cidade completava 342 anos de
idade.
Fui a Manaus, dessa vez,
com um único propósito: conhecer a ponte. Sou fascinado por rios e pontes. Não
poderia, então, deixar de conhecer a ponte sobre o rio que passa pela minha
aldeia. Um amigo, ligado a religiões afro-brasileiras me disse, certa vez, que eu
era protegido dor dois orixás: Omulu, das doenças e Oxum, a deusa dos rios e
cachoeiras. Acreditei. A casa em, que nasci em Manaus, dava os fundos para o
igarapé de Educandos. No tempo de cheia o rio o invadia e o quintal transformava-se em piscina
natural.
Acresce o fato de que,
com poucos dias de nascido, minha avó, que tinha ido da fazenda para a cidade,
a fim de assistir ao parto de minha mãe, me levou para sua companhia, em São
José do Amatari, no rio Amazonas, viajando na lancha Cauré. Fiz assim a minha
primeira viagem com poucos dias de nascido. Infelizmente não conheci a casa
onde nasci, pois quando voltei a morar em Manaus a família não mais a habitava.
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O Rio Negro
A Orellana cabe, também,
o feito de ter descoberto o Rio Negro. Foi no dia 3 de junho de 1542 que ele
chegou a sua foz. No encontro de suas
águas com as águas do rio Solimões. A diferença de cor, o Solimões de águas
barrentas e o Negro, óbvio, de águas negras, levou-o batiza-lo de - Rio Negro.
O rio Negro nasce na
Colômbia com o nome de Guainia. É o maior afluente do Amazonas. Mede 1700 km e
é considerado o maior rio de águas negras do mundo. É também o de maior volume
de água, atrás apenas do Amazonas. Entra no Brasil nas fronteiras da Colômbia
com a Venezuela.
As suas águas são
escuras devido a decomposição de sedimentos orgânicos. Ao longo de seu curso
vai recebendo restos de folhas, frutos, arbustos, troncos de árvores que vão se
decompondo, tornando ácidas as suas águas e tomando essa coloração. A acidez o
torna pouco piscoso e afugenta os insetos.
O encontro das águias
dá-se a uns 18 km do porto de Manaus. As águas não se misturam devido a
diferença de temperatura, o Negro 22ºC e o Solimões a 28ºC; e de velocidade, o
Solimões de 4 a 6 km/h e o Negro de 2 km/h apenas. Depois da confluência dos
dois rios a grande calha passa a chamar-se, Amazonas. O Encontro das Águas é,
hoje, um dos principais pontos turísticos do Estado. Para mim, um passeio
imperdível.
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E por falar em rios...
Um das lembranças mais
bonitas e antigas que tenho de um rio é do Paraíba do Sul, correndo paralelo a
linha do trem, entre certos trechos de Rio e São Paulo. Ele, brilhante e
saltitante sobre pedras negras, eu, debruçado a janela do trem, encantado. Tão
diferente dos rios a que estava acostumado: Amazonas ou Negro. Depois, quantas
vezes? atravessei, de ônibus, a ponte que liga o velho Chico, entre Juazeiro e
Petrolina, ora cheio ora nem tanto, mas sempre rico de histórias e beleza. Oi,
Capibaribe, Beberibe, tantas vezes cantado ou proseado por Manuel ou João de
Melo, hasteando-lhes Bandeira.
Sem esnobismo, alguns
estrangeiros, sim. Por exemplo, o Tigre ou Tavere, atravessando Roma, onde ao
ver uma multidão próxima a uma de suas pontes, me aproximei para saber de que
se tratava e fui informado: suicídio. Como? Nessas águas tão rasas? Ou o Tejo,
que em Toledo soube, ali, chamar-se, Tajo. Ah! Um jantar no Bateaux London,
sobre o Tâmisa, terminado numa madrugada gelada e com vontade de gritar: meu
trono por um taxi. Taxi! Taxi! E das três vezes que passei por Paris, para mim
indispensável, o Bateaux Mouche, principalmente ao cair da tarde. Ao passar
pela Ilha de São Luís a visão da casa de Chopin e a lembrança de uma de suas
moradoras: Michelle Morgan, a inesquecível interprete de Sinfonia Pastoral,
filme de Jean Delannoy, de 1946, baseado na obra homônima de André Gide. Desculpa,
Paulinho, mas foram tantos os rios que passaram em minha vida...
(Manaus - de 17 a 20/01/15)
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