O lugar
No início da quarta década do século vinte, Manaus
era uma pequena cidade/capital, com cento e poucos mil habitantes, situada a
margem esquerda do rio Negro, a dezoito quilômetros de sua foz, onde com o
Amazonas, formam o turístico
encontro das águas. Está a mais de mil
e quinhentos quilômetros do oceano Atlântico. Justo no
coração da Amazônia Ocidental.
Como quase todas as cidades coloniais
brasileiras, Manaus nasceu entre a cruz e a espada. Pois, os portugueses
sentindo-se ameaçados por ingleses, holandeses e espanhóis mandaram erguer
naquele lugar, em 1669, um forte, que denominaram de Forte de São José da Barra
do Rio Negro. Ficava no lugar onde hoje se encontra o edifício da antiga
Fazenda Pública.
Esse forte foi erguido sob a inspiração de
Jesus, Maria e José. E num pequeno monte fronteiro, os carmelitas construíram
uma capela para Nossa Senhora da Conceição, que mais tarde se tornou a
padroeira da cidade. O lugar é o mesmo onde hoje se ergue a igreja Matriz. Ao
redor destas construções, os portugueses reuniram alguns brancos e componentes
das tribos dos barés, banibas, passés e manaós, iniciando assim o povoamento do
lugar e a estirpe de nós os amazonenses.
Manaus fica a 3º 8’ 7’’ de latitude S e 60º 6’ 34’’ de longitude O de
Greenwich. A uma altitude de 44m sobre o nível do mar. Na construção do Forte
destacaram-se os nomes de Pedro da Costa Favela, Antônio Albuquerque Coelho de
Carvalho e Francisco da Mota Falcão. Todos portugueses. Manaus teve vários
nomes: São José da Barra do Rio Negro, Fortaleza da Barra, Barra do Rio Negro,
Lugar da Barra, Vila da Barra e algumas vezes, entre uns e outros, mas desde
1856, definitivamente – Manaus.
Pois, foi nessa pequena cidade/capital, que eu
nasci as 9h20min do dia 18 de setembro de 1920, num sábado de final de verão. (Como
se aqui tivesse outras estações!) E que, hoje, depois de ver várias etapas
longe dela, comemoro noventa e sete anos de idade. São 65 anos de ausência
física, mas noventa e sete de interior amazonidade. Creio que ninguém se
ausenta do espaço em que sofreu a sua infância e adolescência. Assim, depois de
todas essas errâncias fui e continuo a ser -- amazonense.
18/09/2017
Soeiro:
ResponderExcluirEstes recentes escritos que eu ainda não tinha aberto me chamam a atenção de que v nos deve um livro: A Manaus do coração (quando sei de "cor", sei de coração...".
Está muito bom e senti falta de imagen que tragam a mata e o cheiro do rio.