quarta-feira, 25 de maio de 2016



A ativista e o alienado.


Revendo, hoje, um antigo programa do Jô, ouvi uma diatribe antipetista do ator Carlos Vereza e me lembrei de uma saia justa em que me meti numa das tardes de fim de semana, no sítio de Estrigas, no Mondubim. Mas antes de contar o que se passou devo esclarecer que Estrigas e grande parte dos frequentadores de suas open house, de fim de semana, eram de esquerda. Do partidão ou petistas. Raros “apolíticos”, como, eu.

Num momento qualquer, uma senhora aproximou-se de mim e perguntou de que partido eu era e em quem eu ia votar. Claro que a pergunta não foi tão direta, assim. Mas era o que ela queria saber. Esclareci-lhe que não tinha partido e que não votava mais. Ela imediatamente me classificou de direita e esclareceu que era dever de todo cidadão votar. Disse-lhe que já era maior varias vezes e que estava exercendo o direito de escolha que a Constituição me permitia.

Para aliviar a tensão que se instalou no rosto da senhora tentei fazer uma pilheria dizendo-lhe que não era nem de esquerda nem de direita, era do norte. Ela não entendeu. E me perguntou então o que estava fazendo ali. Respondi-lhe que era amigo dos donos da casa e frequentava-lhes todo fim de semana. Ela estendeu-me um panfleto que eu não recebi e repeti que era maior de setenta anos e que amparado por um dos incisos do artigo Vº da Constituição tinha, no caso, a meu dispor, cinco opções. Como assim? Poderia votar, votar em branco, anular o voto, não comparecer e pagar multa ou viajar e justificar a minha ausência.


Aí, ela retirou-se dizendo – é por isso que o Brasil está assim. Falta de consciência política. Também acho. Os políticos não conhecem nem a lei que lhes dá o direto de votar ou ser votado. Quando ela me deu as costas eu aproveitei para colher, da minha pitangueira favorita, umas pitangas vermelhas, vermelhas. Deliciosas.
(Na falta de uma pitangueira, vai uma caromboleira mesmo)




Um comentário:

  1. D. Alberto, perfeito sua definição que a maioria de nossos governantes não conhecem da consciência política que os mesmos deveriam ter. É pena, mais, nos falta políticos.
    Como sempre, saída pela direita.
    Abs.
    Alfredo Soares

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