Esculturas interativas
De quem
teria sido a ideia de “homenagear” os artistas do país, com estatuas em várias
lugares das cidades? Creio que a primeira que me chamou a atenção foi a de
Carlos Drumond, sentado num banco na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Ele
que era tão reservado, agora, se veria exposto ao sol e a chuva, como pouso de
pássaros e principalmente abraçado e tocado para as inúmeras fotos de turistas
que por ali passam.
A
primeira vêz que vi uma, aqui, foi a de Patativa do Assaré, no térreo do Dragão
do Mar. Assustei-me. É lúgubre. Sem nenhum atrativo. As pessoas passam
indiferentes ao vulto do ilustre poeta popular. Triste “homenagem”.
Numa
recente viagem a Recife fique com raiva ao ver, por indicação do chofer, os
vultos de Ascenso Ferreira, que apesar do verso “descansar que ninguém é de
ferro” não merecia a indiferença de quem o vê só e indefinidamente sentado as
margens do Capibaribe; do discretíssimo João Cabral de Melo Neto, pensando o
seu Cão sem Pluma, olhando o mítico rio; e pior ainda a de Manuel Bandeira, que
de tão reservado quase foi esconder-se em Passagarda. Oh! God.
Agora
recebo um número da revista de “O Globo“, trazendo fotos das estátuas erguidas
em diversos bairros do Rio de Janeiro ‘homenageando”: Joaquim Nabuco em frente
da ABL; Zózimo Barrozo do Amaral, no Leblon, Ari Barroso, em Copacabana, Noel
Rosa, em Vila Isabel, Renato Russo, na
Ilha do Governador, Ismael Silva, no Estácio, Ibrahim Sued em Copacabana,
Estudante de Arte, no Parque Lage, Dorival Caymmi, em Copacabana, Michael
Jackson, no Dona Marta, Luiz Gonzaga em São Cristovão, Manuel Bandeira (de
novo?)no Centro, Reverendo Ashbel e esposa, no Centro e Pixinguinha e seu sax,
também no Centro do Rio de Janeiro.
O artigo
diz que são 23 as já existentes, e são chamadas de “Esculturas interativas”.
Anuncia para breve as estatuas de Tim Maia, Cazuza e Pelé. Carmem Miranda vai
para a Lapa e pecado dos pecados, Clarice Lispector, no Leme. Se continuar
nesse ritmo, as Olimpíadas de 2016 se realizarão, não na cidade Maravilhosa,
mas na Necrópole Maravilha. “Cidade maravilhosa cheia de estátuas
miiiiiiiiiiis.....”
teste comentário
ResponderExcluirRealmente, é estatueta demais. Também não gosto do sistema (embora partilhe da admiração pela maioria dos homenageados). Acho que esa "humanização" nos serve para pensarmos (pretensiosamente) que estamos no "mesmo patamar" das not´veis figuras... Nem tanto. Já dizia minha avó: "Os homens-coitados- não se 'enxergam'... Helio Brasil
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