Da
velhice
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Não me importa
ser chamado de velho, não quero que digam que sou antigo. Antigo é peça de
museu. Eu não.
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Velho com alma
de jovem – é aleijão. Comigo não, violão.
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A velhice não
proporciona sabedoria a ninguém. Só é sábio o velho que já o era antes.
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O homem tem a
idade que tem. Seja sábio, seja tolo. O velho, por ser homem, não foge a regra.
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Viver é como
escalar um Aconcágua. A cada degrau
perdemos mais e mais oxigênio, sem possibilidade de reposição.
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A velhice é
também uma questão de ponto de vista. Para o menino de cinco anos o rapaz de
quinze já é “tio”, o de vinte e cinco já é “coroa” e o de trinta e cinco já é o
“velho”.
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A vida é longa
para aqueles que nada fizeram. Para quem tudo fez a vida é do seu próprio
tamanho.
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Eu sei que é por
higiene, mas me dá uma pena danada ver esses velhos muros gretados, cobertos de
heras e musgos, pintados de novo. Parece esses velhos querendo disfarçar a
idade, com os cabelos pintados de acaju.
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Ah! Esses velhos
de cabelos pintados de preto preto, ressaltando o macerado da pele pontilhada
de manchas senis, velhos “peruas”.
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Envelhecendo
vamos perdendo a memória. Vamos apagando a nossa própria história.
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Como os velhos
não teem futuro, pensam no pretérito. Predicam com exemplos. Daí, os moços
pensarem que eles estão sempre se tomando como paradigma. Simples erro de
perspectiva. Quem viver, verá.
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Há velhos que
usam da idade para obter privilégios. Mutatis mutandis, é o mesmo tráfico de
influência dos políticos. Argh!
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Uma das
compensações da velhice é que o velho pode dizer o que quiser. Se agradar é
porque ele é sábio; se não agradar é – esclerose.
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