Uma esquina de São Luís - MA
REDE
A
rede foi o primeiro móvel brasileiro registrado pela história: a Carta de Pedro
Álvares Caminha, do dia primeiro de maio de 1500. Certidão de nascimento do
Brasil. Pero Vaz assim a notificou a D. Manuel:” e de esteio a esteio uma rede
com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E debaixo, para se aquentarem,
faziam seus fogos.” Aconchego e calor, digo eu.
Foi
naturalmente a primeira cama dos invasores, conquistadores, colonizadores,
cafusos, negros, mulatos, sararás. Nelas foram gerados nossos primeiros
ancestrais. Nelas amaram, gemeram, pariram, morreram e foram enterrados os
primeiros brasileiros. Como até hoje nos cafundós do sertão ou nas profundezas
das matas amazônicas. Herança indígena.
Atravessou
a história, entrou no folclore, na sociologia, na antropologia, no romance, no
cinema, na música e como não poderia deixar de ser na poesia. Pois é assim que
ouço Jorge de Lima:
“........................Fulô!
vem
coçar minha coceira,
vem
me catar cafuné,
vem
balançar minha rede,”
Seu nome prestou-se a
outras atividades: rede de pescar, rede telefônica, rede de espionagem, rede
elétrica, tecido fino de malha com que as mulheres protegem os seus cabelos e
agora a maior rede de comunicação do mundo: internet.
Mas
é como diz poeticamente um dos meus dicionários “leito balouçante, preso por
duas extremidades, geralmente dois portais ou duas árvores”, que ela me seduz.
Os desenhos, as cores, as varandas, a envolvência sensual com que recebe os
corpos, que nelas se deitam e que me faz logo pensar no dito popular: abaixo do
Equador tudo é permitido. Na rede, é claro.
Vc foi sucinto e teve uma inspiração poética para falar do mais antigo objeto de desejo do nordestino, ou quis sas, de muitos que se deliciando com uma boa soneca.
ResponderExcluirNão é verdade amigo.
Kkkk