Da leitura de uma entrevista que
Jorge Luis Isidoro Francisco Borges Azevedo ou simplesmente Jorge Luis Borges
concedeu a “Nicolau”, em 1984, dois anos antes de sua morte: ao ser perguntado
por que destruía algumas de suas obras, respondeu: “Com toda razão William
Butler Yeats observa: It is my self that remake (É em mim que me refaço);
quando lhe foi perguntado por que publicava, deu a resposta que dera a Alfonso
Reyes: “publicamos para não passarmos a vida corrigindo erros ”, e lhe diz
“Tudo o que publico é rascunho, porque
todo texto é corrigível. Indefinidamente”..
Paulo Rónai, o húngaro que se naturalizou
brasileiro, nos idos de 1940, conta num artigo intitulado "Como aprendi
português", que, quando, ainda na Hungria, estudava o nosso idioma, o
único escritor húngaro que ele conhecia e também estudava pótugueso era o
escritor Desidério Kosztolányi. E ouviu
ele dizer que o português falado lhe "parecia alegre e doce como um idioma
de passarinhos". E Ronái relata, no mesmo artigo, a dificuldade de
entender o português falado de Portugal, onde esteve a caminho do Brasil e a
alegria de ainda a bordo do navio que o trouxe, no cais, entender tudo o que
lhe falavam em português brasileiro. E escreve: "O idioma quem aprendi em
Budapeste era mesmo português!"
Ao ler o artigo no livrinho (o adjetivo se
refere ao tamanho da edição) recém publicado pelas "edições Janeiro, sob o
título de "Como aprendi português e outras aventuras", em um dos artigos ele se perguntava onde estavam
as consoantes, eu me lembrei de uma relação de palavras que fiz e cuja única
vogal a ser pronunciada é o a. Por
exemplo: palavra, gargalhada, camarada,
amada, sagrada, alada, sacada; casa, cama, fama, lama, dama, drama (estas seis
usadas nas letras de dor de cotovelo do cancioneiro brasileiro) mana, garapa,
cachaça...para! e saravá, Cara!
Paulo
Rónai foi, entre outros estrangeiros eruditos, um presente que a guerra de
39-45, nos presenteou. "Mar de histórias", organizado com o
brasileiro, Sérgio Buarque de Holanda é um verdadeiro monumento erguido pelos
dois. Grato, Gratas.
Belo texto.
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