Carnaval Rio de Janeiro
Hoje, arrumando as estantes de livros, com a
finalidade de conseguir mais espaço para os novos e dar baixa em alguns, que
com certeza não os lerei mais, encontrei
este “Almanaque do Carnaval”, de André Diniz, e, com a proximidade da grande
festa, comecei a ler aqui e acolá e acabei por constatar que testemunhei todas
as fases da evolução do carnaval. E no Rio de Janeiro. Seu berço.
Quando cheguei nessa cidade, para morar, em
1948, (já havia visto o de 1945) ainda havia o “entrudo” sua forma original. A
saída de blocos de sujo, os cordões, os ranchos, bailes, o corso na Avenida Rio
Branco, depois na Getúlio Vargas, com arquibancadas de madeira, que fui alguns
anos, até o Sambódromo, que nunca fui. Ah! o desfile do Cordão do Bafo da Onça
e do Cacique de Ramos, na Avenida Rio Branco. De uma simples brincadeira de
vizinhos e amigos é agora essa “opera aberta”, como a apelidaram, de fama
internacional.
O carnaval passou de uma festa familiar a
formação de grandes empresas que são as Escolas de Samba. Ocupam roteiristas
(para bolar os enredos), compositores, marceneiros, pintores, aderecistas,
costureiras/os, carregadores, cantores, músicos... o ano inteiro. Para a
diversão de uma plateia inumerável de todas as nacionalidades e categorias
sociais, os hotéis que o digam. Creio que, ainda assim, continua a ser festa
mais democrática do mundo. Criando empregos e gerando dividendos para o país,
não é a moleza que alguns rabugentos ainda o acusam de ser. Então, viva o Zé
Pereira, que a ninguém faz mal.
Outra faceta do carnaval é que ele
foi o veiculo criador de vários gêneros ou estilos musicais o samba, o samba
enredo, a marcha-rancho, o frevo e as marchinhas, muitas delas tocadas até hoje
em todas as manifestações de momo. Músicas compostas especialmente para essa
festa contagiante. Creio que não foi composta para o carnaval, mas para os seus
inimigos, podemos perfeitamente cantar estes versos da música de Caymmi, é só fazer algumas adaptações:
“Quem não gosta de “momo”
Bom sujeito não é
É ruim da cabeça
Ou "de samba no pé".