segunda-feira, 30 de dezembro de 2019



Notas de um caderno de viagem VI

10/6/06 - Praia da Baleia - Itapipoca - Milton e Mary passaram por aqui para irmos passar o fim-de-semana na Taíba. Mas encontramos uma Taíba tão urbanamente bagunçada, que desistimos e fomos para a Praia da Baleia, em Itapipoca. 178 km de Fortaleza. Gostei de cara.
Ficamos na Pousada Paraíso, de Paulo e Isabel. Ocupamos duas suítes bem em frente ao mar. Era tarde, estávamos com fome, Paulo e a mulher foram preparar uma peixada para nós. Beijupirá. Não sei se era a fome, mas tudo me pareceu delicioso.
 Lá pelas quatro e meia saímos para conhecer (eu) Itapipoca, terra de Mary. Visitamos alguns parentes dela. Lanchamos. Milton fez um tour pela cidade. Paramos diante da praça principal. Visitamos a igreja, ouvimos o badalar dos sinos, chamando os fiéis para a missa. Fotografamos uma escultura com os slogans característicos da cidade dos três climas: jangada (mar), boi (sertão) e serra. A distância entre a praia da Baleia e a Cidade é de cinquenta e cinco quilômetros. Foi um bocado de chão rodado (233km) e Milton nem parece cansado.
Itapipoca quer dizer: pedra lascada. Ita= pedra: pipoca:= lascada. Tem tudo a ver, pois na região serrana fica a Pedra Ferrada com inscrições rupestres e materiais fósseis, datados de até dez mil anos atrás. Os fósseis foram encontrados em Taboca, Lagoa do Juá, Mocambo de baixo e Lagoa das Pedras. Estrigas esteve pesquisando por lá.
11/6/06 - A areia da praia é escura e sólida, por isso os carros circulam por ela, livremente. Fizemos todo o seu percurso: pousadas, mansões, barracas. A praia é manchada de algas. Aliás, as algas são pescadas e tratadas para exportação. Japão. Segundo Paulo, há um projeto do município para a utilização das algas na fabricação de cosméticos, cordas especiais e tecidos.
Pena, na ponta da praia, coberta de dunas, que dá um charme todo especial a orla, pois bem, os gringos estão adquirindo lotes para construção nas partes mais altas dos morros. Transferindo o ponto de vista de apreciação de sua beleza: hoje, de baixo para cima; amanhã, de cima para baixo. Antes, de todos; amanhã, de uns poucos.
Almoço: a família foi de mariscada: peixe, camarão, lagosta. Eu fui de grelhado, com arroz branco e batata frita. Peixe: beijupirá. Muito bom. Saímos de lá, as 14h. Finalmente, Milton pagou sua dívida: uma garrafa de mel do Curu, do apiário do irmão de Mary. É isso aí: amigos, amigos, negócios a parte. Feliz aniversário!                  

quinta-feira, 8 de agosto de 2019


          

Notas de um caderno de viagem V


25/03/2000 - Sábado - Mundaú - 6h Plínio passou por aqui e fomos nos encontrar com o grupo da Maria Martins, no Hospital de Messejana, para iniciarmos a excursão a Mundaú. Ônibus quase cheio. Jovens e adultos. Duas horas e meia de viagem. A 150km de Fortaleza. Estradas boas. Ficamos no Mundaú Dunas Hotel. Bom. Fizemos um passeio de catamarã pelo rio Mundaú. Duas horas. R$7.00 por pessoa.  De noite houve seresta no restaurante do Hotel. Boa comida. Peixe. A igrejinha foi restaurada com a ajuda de católicos alemães.
26/03/2000 - Domingo - De manhã andei a pé pela cidade fotografando casas bem primitivas: palha, taipa e tijolos aparentes. Parece que estamos ainda no século XVIII, não fora as parabólicas... Muitas, muitas crianças pelas ruas. 10.000 habitantes. 3000 rurais. Tudo muito precário. Praia suja de algas escuras. Mundaú pertence ao município de Trairí.

quinta-feira, 20 de junho de 2019



Notas de um caderno de viagem IV

19/07/1992 – Excursão a Baturité, Guaramiranga e Pacoti, com Plínio, Maria Felix e Maria Freire. Os pernoites foram no Hotel Escola (antiga residência de verão dos governadores). Comida excelente. Clima ideal. Muitas flores.
 Lá tem um pequeno teatro chamado Rachel de Queiroz, recém inaugurado sem a presença da homenageada. Pois não é que a velha senhora resolveu rebatiza-lo agora por ocasião do seu 82º aniversário. E lá fomos nós, também, abrilhantar a festa da grande família, que é grande mesmo, e de seus admiradores.
Em Guaramiranga está o ponto culminante do relevo estadual: Pico Alto, com 1.115m de altura. A cidade fica a uns 900m de altitude. Em Pacoti ficam os reservatórios de água que abastecem a cidade de Fortaleza. O tal vale das flores em Pacoti é um engodo.
                     

Mas Baturité, a 70km de Fortaleza, quente de dia, e agradável de noite, é uma cidade interessante. Tem uma casa/museu, Comendador Arruda (quase tudo na cidade é Arruda) curiosa e ligeiramente mórbida. Dava para escrever um conto de assombração. No alto da serra fica a antiga Escola Apostólica dos Jesuítas, agora casa de repouso. É toda de pedra e cal, lembrando um castelo medieval, sem ameias.
                       

Pousada dos Capuchinhos

A serra de Baturité fica entre os municípios de Baturité, Guaramiranga e Palmácia e foi declarada área de reserva ambiental, em 1990. A igreja é do século XVIII e o prédio de cultura fica na casa, onde foi declarada a Abolição da Escravatura em 1883. Baturité era a terra de nascimento de minha avó materna. Gostei.


segunda-feira, 20 de maio de 2019



Notas de um caderno de viagem III

 1/6 a 5/6/1984 – Viagem a Barbalha. Festa de Santo Antônio. Barbalha fica na região do Cariri. Parece, nesta época, uma cidade mineira, pela topografia e pelo clima.  Pela arquitetura, não. Dia 1° foi a abertura dos festejos de Santo Antônio. Quermesses, novenas, quadrilhas, paus-de-cebo, forró e muita comida típica.

O ponto culminante é o corte do pau da bandeira, que deve ser mais alto do que o do ano anterior e é trazido da mata até em frente da igreja pela população. Chega a ser emocionante. Músicas, fogos, alegria. O prefeito é muito jovem e o pároco muito aberto. A parte cantada da missa foi feita por cantadores da região.

O mais curioso, para mim, foi o grupo de penitentes. Ainda existente nessa região. Banda Cabaçal: pífaros e zabumbas. Aliás, o Cariri com suas três cidades: Juazeiro, Crato e Barbalha, quase gêmeas, mas tão distintas, merece uma temporada bem maior, com os olhos, os ouvidos, o olfato e o paladar bem apurados.

quarta-feira, 1 de maio de 2019



Notas de um caderno de viagem II
De 16 a 19/03/1979 – Viagem com Edna e Wilson a Juazeiro e Crato. De trem. Edna foi pagar uma promessa, de seu pai, já falecido. E que ela prometera pagar. A viagem dura a noite inteira. Nas paradas havia sempre vendedores de guloseimas, mas o que mais me chamou atenção foi o chá de canela, com seu sabor perfumado, dominando a madrugada, adensada por um nevoeiro quase frio. 
Juazeiro é uma cidade de romeiros, onde reverenciam Padre Cícero. Tudo na cidade faz lembrar-lhe: ruas, praças, becos e o grande número de pessoas que levam seu nome. Sua figura é reproduzida em barro, gesso, pedra e madeira. Batina preta, barba branca e o cajado na mão direita. Estampada em postais e santinhos. Sua história é contada e cantada em cordéis e violeiros. 
Visitamos o Cruzeiro no meio da praça; a igreja com seu túmulo; a casa dos milagres; o museu na casa onde morreu; o Horto. Subimos de táxi, mas fiz questão de descer a pé, para ver as capelas, erguidas na subida do morro, encimado por uma enorme estatua do Padre. Fotos. Ah, a postura e os instantes inusitados de seus adoradores. Alguns, algumas parecem talhados em madeira, com suas vestes monacais, marrons. A cidade de dia e de noite gira em torno dessa estranha devoção. Sons, rezas, cânticos, pregações... em todos os sotaques desses vários nordestes.










Crato é cidade mais antiga. E de vida aparentemente mais calma. Fachadas  neo-clássica. Fomos também visitar um balneário no alto de uma serra, Granjeiro (?). Aliás, a Chapada do Araripe oferece uma visão impressionante ao longo de uma planície verde/cana. Cana. A cana e seus produtos criam uma atmosfera particular, principalmente olfativa: o açúcar, o mel, a rapadura, o alfenim... doce.

sexta-feira, 19 de abril de 2019



Notas de um caderno de viagens 
                                

            Quixeramubim

     De 29 a 30/10/1978 – Viajando pelo interior do Estado do Ceará, com Evando. Paramos em Quixeramubim. Fiz Fotos. Inesquecível a igreja toda branca, no centro da praça ao sol do meio-dia. Há dentro dessa igreja um santo (tamanho natural) quase vivo ou estou tendo vertigens de luz e calor? Acho que não tenho diafragma para tanto esplendor.

                                                                *****
              Quixadá

   Em  Quixadá, pela primeira vez. O nome é um eco das crônicas de dona Rachel. Cidade rodeada de pedras. Quente. Vamos até o açude do Cedro, o lago imenso, guardado pela galinha choca, um dos símbolos da cidade. Construção majestosa. A muralha, as grades de ferro. A larga alameda. O caminho sombreado. Um oásis? Na volta, o almoço: carne-de-sol, com pirão de leite. Deliciosa. Nunca provei melhor.                       
        
                      
        

domingo, 17 de março de 2019


Carnaval Rio de Janeiro
Hoje, arrumando as estantes de livros, com a finalidade de conseguir mais espaço para os novos e dar baixa em alguns, que com certeza não  os lerei mais, encontrei este “Almanaque do Carnaval”, de André Diniz, e, com a proximidade da grande festa, comecei a ler aqui e acolá e acabei por constatar que testemunhei todas as fases da evolução do carnaval. E no Rio de Janeiro. Seu berço.
Quando cheguei nessa cidade, para morar, em 1948, (já havia visto o de 1945) ainda havia o “entrudo” sua forma original. A saída de blocos de sujo, os cordões, os ranchos, bailes, o corso na Avenida Rio Branco, depois na Getúlio Vargas, com arquibancadas de madeira, que fui alguns anos, até o Sambódromo, que nunca fui. Ah! o desfile do Cordão do Bafo da Onça e do Cacique de Ramos, na Avenida Rio Branco. De uma simples brincadeira de vizinhos e amigos é agora essa “opera aberta”, como a apelidaram, de fama internacional.
O carnaval passou de uma festa familiar a formação de grandes empresas que são as Escolas de Samba. Ocupam roteiristas (para bolar os enredos), compositores, marceneiros, pintores, aderecistas, costureiras/os, carregadores, cantores, músicos... o ano inteiro. Para a diversão de uma plateia inumerável de todas as nacionalidades e categorias sociais, os hotéis que o digam. Creio que, ainda assim, continua a ser festa mais democrática do mundo. Criando empregos e gerando dividendos para o país, não é a moleza que alguns rabugentos ainda o acusam de ser. Então, viva o Zé Pereira, que a ninguém faz mal.
Outra faceta do carnaval é que ele foi o veiculo criador de vários gêneros ou estilos musicais o samba, o samba enredo, a marcha-rancho, o frevo e as marchinhas, muitas delas tocadas até hoje em todas as manifestações de momo. Músicas compostas especialmente para essa festa contagiante. Creio que não foi composta para o carnaval, mas para os seus inimigos, podemos perfeitamente cantar estes versos da música de Caymmi, é só  fazer algumas adaptações:                    

 “Quem não gosta de “momo”
  Bom sujeito não é
  É ruim da cabeça
  Ou "de samba no pé".

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